Resenha – Hypnosis Mic -Division Rap Battle- Rhyme Anima
Hypnosis Mic -Division Rap Battle- Rhyme Anima
Hypnosis Mic -Division Rap Battle- Rhyme Anima é um anime vibrante e estiloso que mistura música, ação e rivalidade em um mundo futurista e distópico. Baseado no popular projeto multimídia da King Records, o anime adapta o conceito de batalhas de rap entre diferentes “divisões”, onde os microfones não são apenas instrumentos musicais, mas armas capazes de materializar rimas em ataques reais.
A trama se passa em uma sociedade governada pelo Partido das Mulheres, que proibiu o uso de armas convencionais. Em seu lugar, as disputas de poder acontecem por meio do Hypnosis Mic, tecnologia que transforma a força das palavras em impacto físico. Nesse cenário, grupos de rappers organizados em divisões territoriais competem entre si, defendendo seus ideais, territórios e, muitas vezes, orgulho pessoal.
O anime apresenta quatro principais divisões:
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Buster Bros!!! (Ikebukuro Division) – trio marcado por energia, espírito de família e liderança carismática.
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MAD TRIGGER CREW (Yokohama Division) – militares e mafiosos com estilo agressivo e imponente.
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Fling Posse (Shibuya Division) – excêntricos e criativos, misturam humor com sarcasmo.
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Matenrō (Shinjuku Division) – médicos e profissionais com aura sombria, trazendo rimas reflexivas.
Cada episódio equilibra momentos de história pessoal, rivalidade entre divisões e, claro, batalhas de rap repletas de visuais dinâmicos e trilhas que misturam hip-hop com estética anime. A animação dá bastante atenção às performances, usando cortes estilizados, cores vibrantes e efeitos que lembram videoclipes de rap.
Um dos pontos fortes do anime é a diversidade de estilos musicais: cada grupo traz influências distintas, criando um mosaico sonoro que agrada tanto fãs de rap quanto quem busca algo inovador dentro da música japonesa. Além disso, as letras carregam tanto provocações quanto mensagens pessoais, revelando traumas, sonhos e relações entre os personagens.
No entanto, a narrativa pode parecer fragmentada para quem não conhece o projeto original, já que o foco está mais no estilo e nas batalhas do que em uma progressão de enredo tradicional. Ainda assim, o charme dos personagens, a criatividade das disputas e a energia da trilha sonora tornam a obra uma experiência única.
Em resumo: Hypnosis Mic -Division Rap Battle- Rhyme Anima é um anime ousado, que transforma batalhas de rap em espetáculo visual e sonoro. Um prato cheio para quem gosta de música, rivalidade estilizada e universos que mesclam distopia com cultura pop urbana.
Resenha – Kizazi Moto: Geração Fogo
Esta antologia de animação de ficção científica repleta de ação apresenta dez visões futuristas da África inspiradas nas diversas histórias e culturas do continente. Com produção executiva do diretor vencedor do Oscar, Peter Ramsey, essas dez curtas-metragens feitas por uma nova geração de criadores de animação se baseiam em perspectivas únicas africanas para imaginar mundos novos e corajosos de tecnologia avançada, conhecida, espíritos e monstros. Esta é a África como você nunca viu.
Resenha: Kizazi Moto: Geração Fogo é uma antologia de animação que mergulha o público em futuros africanos imaginados a partir de diferentes perspectivas, tradições e visões artísticas do continente. Produzida sob supervisão da Walt Disney Animation Studios , a obra reúne curtas dirigidos por cineastas africanos de diferentes países, cada um trazendo sua própria bagagem cultural para construir narrativas vibrantes e únicas.
O grande mérito da série é a forma como mistura ficção científica, mitologia e identidade cultural . Ao invés de reproduzir fórmulas ocidentais de futurismo, Kizazi Moto apresenta mundos em que tecnologia e ancestralidade coexistem — onde inteligências artificiais dialogam com espíritos, e naves espaciais se cruzam com tradições orais milenares. Essa fusão resulta em um afrofuturismo autêntico , que não apenas imagina o futuro, mas o faz a partir da ótica de povos que historicamente foram marginalizados em produções de grande alcance.
Visualmente, cada episódio se destaca com estilos de animação distintos : alguns optam por cores vibrantes e traços estilizados, enquanto outros caminham para uma estética mais sombria e realista. Esse mosaico artístico faz da antologia uma experiência variada e instigante, em que cada curta é uma surpresa tanto narrativa quanto estética.
Temas como identidade, legado, espiritualidade, colonialismo e liberdade atravessam os episódios, sempre envoltos em ação, emoção e crítica social. Apesar da pluralidade, há uma coesão no conjunto: todos apontam para a ideia de que o futuro africano não precisa ser uma cópia do futuro imaginado pelo Ocidente, mas sim uma criação própria, contendo raízes culturais e visões inovadoras.
Kizazi Moto: Geração Fogo é, portanto, mais do que entretenimento: é um manifesto artístico, uma celebração da diversidade cultural africana e uma oportunidade para o público global enxergar novas formas de contar histórias. Ao mesmo tempo em que dialoga com a grandiosidade da animação contemporânea, a obra planta sementes de reflexão sobre representatividade e sobre como imaginamos o futuro.
Veredicto: Uma antologia ousada, poética e visualmente impressionante, que abre espaço para vozes africanas no cenário internacional da animação. Um verdadeiro sopro de originalidade e identidade no gênero.
Resenha: BOLERO, A MELODIA ETERNA ( CABINE DE IMPRENSA )
"Bolero: A Melodia Eterna" é uma cinebiografia dirigida por Anne Fontaine que mergulha na vida do compositor francês Maurice Ravel, destacando o processo de criação de sua obra mais famosa, o "Bolero". O filme busca explorar não apenas a composição musical, mas também os conflitos internos e as complexidades emocionais de Ravel.
Enredo e Temática
Ambientado na Paris dos anos 1920, o filme retrata Ravel, interpretado por Raphaël Personnaz, enfrenta uma crise criativa enquanto tenta compor uma peça para a bailarina Ida Rubinstein. A narrativa intercala momentos do passado e do presente, revelando as influências pessoais e profissionais que moldaram sua música. O longo também abordou a relação de Ravel com Misia Sert, sua musa e amiga, e como suas experiências na guerra e na vida pessoal impactaram sua arte.
Atuação e Direção
Personnaz entrega uma performance contida e introspectiva, capturando as nuances emocionais de Ravel. Doria Tillier, como Misia, e Jeanne Balibar, como Ida, complementam o elenco com atuações marcantes. A direção de Anne Fontaine opta por uma abordagem sensível e contemplativa, evitando dramatizações excessivas e focando na jornada interior do compositor.
Aspectos Visuais e Sonoros
Visualmente, o filme recria com a atmosfera da França dos anos 1920, com figuras e cenários detalhados. A fotografia alterna entre tons quentes e sombras melancólicas, refletindo o estado emocional de Ravel. A trilha sonora, naturalmente, destaca o "Bolero", cuja reprodução ao longo do filme serve para enfatizar a obsessão e a complexidade do processo criativo do compositor.
Críticas e Recepção
A recepção crítica foi errada. Alguns elogiaram a atuação de Personnaz e a abordagem sensível da direção, destacando a humanização de Ravel e a exploração de sua neurodivergência e assexualidade. Outros criticaram o ritmo do filme, considerando-o morno e arrastado, e apontaram que a narrativa não conseguiu aprofundar suficientemente os conflitos internos do protagonista. Além disso, a estrutura não linear e os flashbacks frequentes foram visíveis por alguns como elementos que dificultaram a coesão da história.
Conclusão
"Bolero: A Melodia Eterna" é uma cinebiografia que busca oferecer um retrato íntimo de Maurice Ravel, explorando as complexidades de sua personalidade e o processo de criação de sua obra-prima. Embora apresente qualidades notáveis em termos de atuação e direção de arte, o filme pode não agradar a todos devido ao seu ritmo contemplativo e abordagem sutil. Para os apreciadores de música clássica e específica na vida de grandes compositores, é uma obra que merece ser conferida